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Espaços Verdes e Florestas

 

Árvores em Meio Urbano, Alergias e Pólen

O arvoredo em espaço público constitui um importante elemento natural na composição do meio urbano, na medida em que contribui para a qualidade de vida da população, pelas funções de natureza ambiental, ecológica, estética, patrimonial, social e cultural que exerce.

Numa perspetiva ambiental, as árvores inseridas em espaço público constituem a estrutura verde urbana que funciona como primeira linha de combate à poluição, por fornecer oxigénio e sequestrar elementos presentes na atmosfera, nocivos para a saúde e grandemente responsáveis por questões de saúde pública, nomeadamente pelas doenças do foro respiratório.

 

O que são as alergias e quais são os principais agentes causadores?

A frequente referência de problemas de saúde pública, nomeadamente as questões ligadas às alergias, alegadamente provocadas pelo arvoredo urbano, conduz à necessidade de disponibilização de informação específica sobre o assunto, numa tentativa de proporcionar o esclarecimento e promover a sensibilização da população para esta temática.

A alergia trata-se de uma reação imunológica anormal do organismo que pode ocorrer quando este é exposto a uma substância estranha e entre as causas mais frequentes de alergias respiratórias encontra-se o pólen e os ácaros.

A poluição atmosférica é também referenciada como catalisadora de reações de hipersensibilidade a alguns agentes alergizantes, tais como os referidos pólenes e ácaros, o pó ou fungos.

No caso da polinose (alergia respiratória provocada pelo pólen em suspensão no ar), as plantas identificadas com efeitos alergizantes associam-se maioritariamente às gramíneas, muito comuns e abundantes, à oliveira e/ou zambujeiro (oliveira-brava), a outras oleáceas (freixo, ligustro, aderno…), aos ciprestes, à parietária (alfavaca-de-cobra) e à urtiga.

 

O efeito do transporte do pólen pelo vento a grandes distâncias

Os pólenes referenciados como os principais causadores de alergias apresentam uma elevada capacidade de dispersão na atmosfera por ação do vento, podendo deslocar-se por várias dezenas de quilómetros. Desta forma, é frequente que sintomatologias alergénicas se devam a pólenes transportados pelo vento e provenientes de áreas distantes.

 

O pólen das árvores poderá não ser o causador de alergias. Porquê?

O pólen de árvores raramente é o agente isolado na manifestação de polinoses. Na verdade, o pólen proveniente das árvores (de maior dimensão) é produzido em menor quantidade, é transportado pelos insetos. A sua presença na atmosfera é reduzida, razão pela qual, não ser frequente que este tipo de pólen, mais pesado, seja o responsável pela maior parte das alergias reportadas.

Os pólenes que nos afetam geralmente não visíveis a olho nu. Neste sentido, antes de se atribuirmos, de um modo precipitado, a causalidade de eventuais sintomas alergénicos a esta ou àquela espécie vegetal, é necessário uma avaliação médica alergológica que permita identificar se há ou não alergia a pólenes e a quais os pólenes, para que a partir daí se possa planear um esquema preventivo e/ou terapêutico adequado e tomar medidas que se considerem justificáveis, ao nível do arvoredo, no sentido de eliminar problemas identificados e validados.

 

É necessário desmitificar - O caso do choupo

É natural que se tenha vindo a atribuir sintomatologias alergénicas às partículas existentes na atmosfera que são visíveis a olho nu, como é o caso da libertação de sementes envolvidas por um involucro tomentoso, proveniente de choupos e vulgarmente conhecidas por “algodão”.

Neste tipo de árvores, o "algodão" é a estrutura que garante a disseminação da semente e, nesta fase do ciclo de vida da planta, já não corre qualquer formação de pólen.

Ainda assim, ao contrário da crença popular, poucos alérgicos são sensíveis ao pólen de choupos, ou mesmo de plátanos, podendo, no entanto, a semente em dispersão na atmosfera provocar reações mecânicas, irritativas em pessoas com hipersensibilidade cutânea, mas não alérgicas.

Outro aspeto importante: a libertação e disseminação das sementes de choupo coincide com o período de produção de pólenes de gramíneas, da parietária e urtigas, entre outras, significando que as polinoses são frequentemente provocadas por este último grupo de plantas e não pelas árvores propriamente ditas.

Torna-se importante desmistificar que as árvores junto das nossas habitações são necessariamente os agentes responsáveis pelas alergias que nos afetam.

 

É necessário informar e contribuir para o esclarecimento dos cidadãos

Permanece o apelo de que as alergias podem ser controladas e, desta forma, o abate ou a poda de árvores que não provocam alergias não constitui uma solução para este tipo de problemas de saúde pública, cada vez mais frequentes em meio urbano, onde a qualidade do ar se encontra sujeita a degradação e o arvoredo é o verdadeiro agente da sua depuração.

 

Para informações adicionais sobre alergias disponíveis na Internet:

Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) 

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Rede Portuguesa de Aerobiologia

pc

 



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