A zona oriental do concelho de Loures possui, desde o dia 4 de junho, um novo equipamento cultural, construído de raiz. A Biblioteca Municipal Ary dos Santos nasceu em Sacavém, no terreno onde antes funcionava o quartel dos Bombeiros Voluntários.

Foram muitos os que quiseram assistir à concretização de um desígnio que, passados 15 anos, já faz parte da história do concelho. O presidente da Câmara de Loures descerrou a placa e, tal como nas palavras do poeta Ary dos Santos, garantiu que “agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu”.

Para a construção da nova biblioteca foi feito um investimento superior a 1,4 milhões de euros, tendo contado com o apoio de 1,2 milhões de euros por parte do Fundo do Turismo. Mas esta obra, relembra Bernardino Soares, “seria concretizada, mesmo sem apoio, porque se trata de uma prioridade para a política cultural e educativa do concelho”.

Inaugurada no dia em que se assinalou os 19 anos da elevação de Sacavém a cidade, Bernardino Soares reforçou a ideia de que só agora “Sacavém passa a ser uma cidade plena” por ter um equipamento que permite “o acesso à cultura e ao conhecimento”, que “promove a cidadania e a democracia” e que “combate a ignorância e o preconceito”.

Com este novo polo cultural em Sacavém, “acessível a todas as pessoas da zona oriental do concelho”, completa-se uma “rede”, sendo possível, a partir dali “aceder a todo o fundo da Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures, sem deslocação a outras infraestruturas”, mencionou Bernardino Soares. O autarca sublinhou ainda o facto da biblioteca se integrar num plano de revitalização do núcleo urbano de Sacavém, “funcionando como um polo importante de dinamização do espaço público e da vida da cidade de Sacavém”.

Com a atribuição ao espaço do nome Ary dos Santos, Bernardino Soares explica que o poeta tem sido “ao longo dos anos, muito injustamente esquecido”. O autarca quer que a nova biblioteca seja um “repositório da dignificação da obra de José Carlos Ary dos Santos, que sempre esteve ao lado do povo, lutando pela democracia e pela liberdade”.

A cerimónia contou ainda com a presença do diretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Silvestre Lacerda, que considerou ser um ato de cidadania “sempre que há a oportunidade de abrir mais uma porta do conhecimento”. “As bibliotecas são organismos vivos que, graças àqueles que nelas trabalham, permitem que o acesso ao conhecimento seja parte da formação dos cidadãos”, referiu.

Polo de animação cultural e de aprendizagem

A Biblioteca Municipal Ary dos Santos disponibiliza aos seus utilizadores um fundo documental abrangendo todas as áreas do saber, composto por 12 800 títulos de documentação. Destaque para dois fundos bibliográficos especiais: o Fundo Herberto Goulart, espólio bibliográfico doado pela família, e o Fundo Natália Miranda, composto por livros de autoria e co-autoria da escritora.

Com uma área bruta de 1404m2 e três pisos de acesso público, a biblioteca dispõe de salas de leitura para o público infantil, juvenil e adultos, estando preparada para receber cidadãos com mobilidade física condicionada.

A zona de periódicos e informação geral, no piso térreo, localiza-se no átrio central ajardinado, composta por um deck em madeira, que comunica com o espaço verde exterior, sendo por isso dona de uma grande luminosidade natural.

Ainda neste piso, a sala polivalente Herberto Goulart, com 67 lugares sentados e apetrechada com meios audiovisuais, destina-se à realização de atividades de difusão cultural, informativa e educativa.

De escadas ou elevador chega-se ao primeiro piso, à sala de leitura destinada a jovens e adultos, com computadores e zona para audição de música e visionamento de filmes. O acesso à internet está facilitado, graças à rede wi-fi disponível em todo o edifício.

No último piso, o espaço infantil Natália Miranda é dirigido aos mais pequenos. Inclui uma bebeteca, para crianças até aos três anos e sala de leitura, para crianças até aos 13 anos e adultos educadores.

Esta biblioteca traz consigo algumas novidades de que são exemplo os cacifos para arrumação de objetos pessoais, fraldário e devolução de livros 24 horas, graças a uma caixa de correio existente à porta, instalada para esse efeito.

A Biblioteca Municipal Ary dos Santos, na Avenida James Gilman, está aberta de terça-feira a sábado, das 10 às 18 horas. Encerra às segundas-feiras, domingos e feriados e na última quarta-feira dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, entre as 9h15 e as 14 horas.